Brasileiro é tão “bonzinho...”
Filipa Saanan
Com licença da palavra, com perdão dos leitores de outros países, mas enquanto estou aqui na cadeira de quimioterapia, tento pensar nas coisas vazias, espairecendo a angústia com inutilidades, e eis que de repente leio no jornal do dia: “Se o resto do mundo está afundando, o Brasil é um bom lugar para viver”, disse Seth Zalkin, um banqueiro norte-americano, recém-chegado em terras tupiniquins.
Ainda que pareça contraditório, as palavras do banqueiro me fizeram muito bem, explico: despertaram minha ira, retirando-me da agonia, silenciando o eco da dor que escorre de mim e dos companheiros nesta guerra contra o câncer, que vaza pelos corredores do hospital.
Assim esquecida da vida que tenta rolar-me para o mais fundo de meus poços [onde mora o medo e o desespero], mesmo frágil, consigo forças para continuar a leitura:
-dezenas de europeus e americanos desembarcam no Galeão e nos Portos do Brasil, fugindo da crise em seus Países de origem. [e etc’s...]
Até ai, nada demais, não fossem as humilhações, as restrições, os agravos morais que sofremos , quando aportamos além-fronteiras , seja para trabalho, seja para lazer.
Homens de negócio há muito se sentem atraídos pelo Brasil, confiantes em enriquecer rápido, sonhadores de grandeza amazônica e mesmo os foras-da-lei como Ronald Biggs, o britânico que se escondeu aqui depois do grande assalto do trem pagador em 1963; até o terrorista italiano Cesare Battisti ficou no Brasil como imigrante.
O recente boom das commodities e o crescimento do consumo doméstico, resultado de uma classe média em expansão, ajudaram a tornar o Brasil um poder ascendente que saiu rapidamente da crise financeira global de 2008. A economia cresceu 7,5% no ano passado e se espera que registre cerca de 4% de crescimento este ano — mais devagar, provocando inveja nos Estados Unidos.
Os estrangeiros estão chegando e as autorizações de trabalho para eles saltaram mais de 30% apenas em 2010. Enquanto nossos Jovens e Adultos- apesar dos títulos e competências acadêmicas e técnicas, com domínio de outros idiomas, continuam engrossando as filas dos desempregados, dos excluídos sociais.
Vejam esta declaração:
“Eu tinha um português básico, mas deu para notar que este lugar estava bombando”, disse Michelle Noyes, 29, uma novaiorquina que organizou uma conferência sobre fundos de investimento em São Paulo. Pouco depois, ela pulou para um emprego em uma firma de gerenciamento de bens em São Paulo.
“Eu mudei da periferia do meu ramo para o centro”, a Srta. Noyes disse, citando cinco outros norte-americanos, dois de Nova York e três de Chicago, que estão se mudando para o Brasil este mês para tentar a sorte.
Os norte-americanos formam o maior grupo dos que se mudam para cá, seguidos por contingentes de britânicos e outros europeus. Alguns vêm temporariamente. Outros estão começando negócios, pequenos e grandes.
Outros estrangeiros arranjam empregos em companhias brasileiras que estão decolando parcialmente graças ao comércio do Brasil com a China.
“Nossos salários aqui no Brasil são pelo menos 50% maiores que os salários nos Estados Unidos para cargos estratégicos”, disse Jacques Sarfatti, gerente da Russell Reynolds, uma companhia que recruta executivos.
Eis a verdade dos fatos : Brasileiro é de fato muito bonzinho!
Que venham para o Brasil, que aqui trabalhem, mas, principalmente que aprendam uma lição:
Quando um Brasileiro chegar a seus Países, que seja recebido como Vocês são por nós!
Respeito é bom,merecemos e gostamos!
Excelente Filipa! Gostaria de ter escrito. Meu filho foi muito maltratado em Portugal. Uma coisa horrível.
ResponderExcluirNós, recebemos todos de braços abertos.
Brasileiro é tão bobinho!
Maria Zélia Baeta-BH
Demais!
ResponderExcluirRosa Pastinni- BELÉM
Nota 100000, Filipa!
ResponderExcluirParabéns pela garra e força em sua batalha, que sei difícil e dolorida.
Mariana Grossi-RJ
Maria Zélia e Filipa:
ResponderExcluirPedindo desculpa pela intromissão, não posso deixar de lamentar o que aconteceu ao filho da Maria Zélia, embora também se possa verificar o contrário, como aconteceu com o próprio filho de Ana Merij que tem grandes amigos em Portugal, país que ele visita assiduamente, como me disse sua Mãe, há algum tempo.
Curiosamente, temos vários amigos brasileiros que nos visitam, com muita frequência. Um deles almoçou, aqui em casa, há poucos dias, e disse-
nos que não tenciona regressar ao Brasil. Confesso que fiquei contente, porque gosto, na verdade, que os meus amigos brasileiros sejam bem tratados no meu país.
Os maus tratos que a Zélia refere, ocorrem em todos os países, infelizmente, porque há pessoas boas e más, em toda a parte.
Cordiais saudações
Maria João Oliveira - Portugal
Queria dizer, apenas "pessoas más"...
ResponderExcluirMaria João Oliveira
Pipa, como sempre atenta AO QUE É JUSTO. Querida nao pare de escrever, fale , sua voz é forte e NECESSÁRIA.
ResponderExcluirFORÇA, VC. É MAIOR QUE ESTA GUERRA QUE ENFRENTA!
SERÁ VENCEDORA.
Bjs, Valentina