sexta-feira, julho 01, 2011

...alguma poesia

Sfumato





Filipa Saanan

De que sou feita? Linhas e marcas do tempo?  Não só!
De Cervantes, Borges, Drummond, Régio, Guimarães -o Rosa.
Doses de Fernando Pessoa’S ,partes de Hilda- a Hilst, excessos de Clarice:
- por tudo isto, precisei entender quem sou, e sai à cata de respostas.


Tresloucada e obsessiva andei e andei na mais completa devassidão
Bem cedo entendi, não queria respostas, desejava obscuros e buscas.
Descobri-me, assim, problema reformulado a cada explicação.


Guernicas estampam minha alma, e Chaplin nos entremeios das vértebras
Farpas de Janis Joplin nas linhas de minhas mãos, nos pés asas dos Beatles
Dentro do peito mil pedaços de Nietzsche , e cacos de vidros de Bachelard.


No plasma e no sangue solos de Vivaldi dentre arabescos da Capela Sistina
Para bem coagular mil mililitros de Longfellow, outros tantos de Maiakovski
Chopin, Bach, Armstrong, J. Lee Hooker, são as partituras de minhas retinas.


Jung, Freud, Lacan, Agostinho, habitam minhas entranhas, e como  amargam.
De minha Terra:- este coração que é só de Jesus, e a benta tristeza da Santa Cruz!

6 comentários:

  1. Um poema bem conseguido, e forte!
    Parabéns,
    Roberto Soares-RJ

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  2. Uma poética de causar GOSTO.
    Quanta maestria:
    ''Jung, Freud, Lacan, Agostinho, habitam minhas entranhas, e como amargam.
    De minha Terra:- este coração que é só de Jesus, e a benta tristeza da Santa Cruz!"
    José Roberto ACosta-RO

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  3. Adorei o poema!
    Intenso, bem conjugado , perfeito.
    Alia Mattoso- RJ

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  4. Agradeço a leitura e palavras gentis de cada um - estímulo para seguir.
    Abs de, Filipa

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  5. Filipa,
    Belíssimo!
    Parabéns, grande esteta
    da palavra!
    E continue a luzir sua imensa luz,
    porque:
    "A escrita é a pintura da voz."
    ( Voltaire )
    Beijos,
    Eliana Crivellari

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  6. Eliana, beijos e meu obrigada.
    Filipa

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Obrigada, volte sempre!
Filipa Saanan